Neste texto, vou contar a Copa do Mundo exatamente da forma como eu vi. Resumidamente: a minha viagem de Brasília a São Petersburgo, o clima de pré-Mundial visto nas ruas da Rússia e a primeira fase da Copa do Mundo.

O que apareceu na TV e até nas redes sociais, sinceramente, eu não acompanhei. Os replays dos gols, os memes, as polêmicas do VAR e dos vídeos machistas na internet só sei pelo que li. Portanto, não tenho condições de comentar.

Aqui na Rússia, só durante a primeira fase da Copa do Mundo, já descobri coisas espetaculares que merecem muito destaque. Tentarei fazer isso neste e nos próximos posts, pois ainda ficarei por aqui até o término do Mundial.

Na postagem que você está lendo agora, está um resumo do que passei até agora na Copa do Mundo. Nos próximos textos, a experiência será mais detalhada nos aspectos que considerei mais importantes.

São eles: receptividade, organização e clima da Copa nas cidades-sede; experiência em cada estádio, antes, durante e após as partidas; como é assistir a um jogo nas FAN FESTs russas; e como é viajar de trem por longas horas por aqui.

A viagem e o pré-Copa

Foram 27 horas em quatro voos até chegar a São Petersburgo. Pode parecer demorado e cansativo, mas foi uma bela introdução para esta primeira fase da Copa do Mundo.

No nosso canal do YouTube, contei todos os detalhes sobre o nosso trajeto de avião até a Rússia.

Com 11 meses de antecedência, reservei as passagens de ida e de volta por um preço inacreditavelmente baixo.

Vou falar sobre isso detalhadamente após a Copa, em um post futuro sobre os custos totais da viagem.

O voo saiu de São Paulo com destino a Zurique, na Suíça. De lá, peguei uma conexão para Moscou. Separadamente, comprei uma passagem aérea de Brasília a São Paulo, também aproveitando uma promoção.

Após o sorteio dos ingressos, ficou definido que meu primeiro jogo no estádio seria em São Petersburgo. Por conta disso, adicionei um trecho de avião entre Moscou e São Petersburgo.

O Clima de Pré-Copa do Mundo

Museu Hermitage visto do rio Neva, em São Petersburgo

Chegamos à segunda cidade mais importante da Rússia exatamente uma semana antes de a bola rolar no Mundial de 2018.

A Copa do Mundo acontece sempre no verão do país-sede. No hemisfério norte, o período de junho-julho é o ideal.

No Brasil, a Copa foi realizada neste mesmo período pelo fato de a maioria do território não sofrer com o inverno do Hemisfério Sul.

Porém, na chegada a São Petersburgo, a temperatura era de 9°C. Nos dias seguintes, o frio deu espaço a temperaturas mais amenas.

Independentemente do que os termômetros marcavam, o clima já era de Copa do Mundo em São Petersburgo. Os turistas chegavam em número crescente para acompanhar o Mundial desde a primeira fase.

Na região central da cidade, onde estão muitos pontos turísticos, eram comuns camisas de várias seleções. Entre as mais presentes, estavam as do Brasil, Colômbia e México.

Os russos também já demonstravam apoio a sua seleção desfilando com o uniforme vermelho, azul e branco. Eles ainda não imaginavam a boa campanha que sua seleção faria na primeira fase da Copa do Mundo.

Programação do Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, para o mês de junho de 2018. Escrita em alfabeto cirílico

A cidade estava toda decorada com os materiais oficiais da FIFA. Nos locais com maior fluxo de pessoas, a maioria dos atendentes se comunicavam em inglês ou faziam um bom esforço para entender aqueles que não falavam russo.

Pesa o fato de São Petersburgo estar acostumada a receber turistas, assim como Moscou. Em outras cidades, houve menos facilidade para se fazer entender.

Dentro do meu planejamento de viagem, estudei três semestres de russo na Universidade de Brasília (UnB).

O conhecimento adquirido foi muito útil. Nas cidades por onde passei, consegui manter diálogos simples e entender o que estava escrito nos locais públicos, nas placas de rua e nos produtos no supermercado.

A primeira fase da Copa do Mundo

Catedral do Sangue Derramado, em São Petersburgo. Atrás da igreja, fica a FAN FEST da cidade

Os jogos começaram no dia 14 de junho, com a partida de abertura entre Rússia e Arábia Saudita. O confronto aconteceu em Moscou, no estádio Luzhniki.

Tive a ideia de ir até a FAN FEST de São Petersburgo assistir ao jogo ao lado dos torcedores locais.

A expectativa era enorme por esta partida. Ela marcava a estreia da seleção local e também o início de um Mundial em um país com pouca tradição futebolística.

Todo este clima formado para o duelo explica o que aconteceu a seguir.

Cheguei com uma hora de antecedência ao local da FAN FEST. Centenas de pessoas já tentavam entrar em corredores estreitos que levavam aos detectores de metal.

Assim como eu, pelo menos outras 15 mil pessoas tiveram a mesma ideia e chegaram lá antes.

FAN FEST de São Petersburgo teve superlotação na abertura da Copa do Mundo

A segurança estava bem reforçada na entrada da FAN FEST. Quando a organização considerou que a ocupação da Praça Konyushennaya estava esgotada, a polícia fechou as entradas.

O público que não conseguiu entrar iniciou uma vaia ao mesmo tempo em que a polícia dobrou o efetivo para evitar conflitos.

A alternativa foi procurar um bar no centro de São Petersburgo para assistir à histórica goleada de 5 x 0 da Rússia na estreia.

Sequência de jogos e viagens pela Rússia

Meu primeiro jogo na Copa do Mundo foi Marrocos x Irã, em São Petersburgo

No dia 15 de junho, estreei em estádios na Rússia. O jogo foi Marrocos x Irã, no segundo dia da primeira fase da Copa do Mundo.

Jogo tecnicamente fraco, mas com emoção gigante no final. Nos acréscimos, o Irã marcou o gol da vitória e fez a festa de milhares de torcedores no estádio.

No lado de fora da arena mais cara construída para este Mundial, e por toda a cidade, os iranianos festejaram até a madrugada.

Já no dia 16, parti para a primeira viagem dentro da Rússia. O objetivo era atravessar o país de Norte a Sul em um dia de trem.

O destino era Rostov on Don, cidade onde o Brasil estreou na Copa do Mundo contra a Suíça. Para se ter uma ideia, São Petersburgo fica perto da fronteira com a Finlândia, no norte, e Rostov on Don, fica perto da Ucrânia, no sul do país.

Na primeira parte da viagem, peguei o trem rápido de São Petersburgo a Moscou. Em quatro horas, cheguei à capita russa.

Foi uma parada técnica de uma hora e meia apenas para deixar as malas no guarda-volumes da estação e pegar o próximo trem.

Trem rápido SAPSAN liga São Petersburgo a Moscou em 4 horas

Logo depois, tinha pela frente uma das maiores incógnitas que já enfrentei. Ficar 23 horas dentro de um trem, com destino a uma cidade que descobri a existência poucos meses atrás.

A cabine do trem era pequena à primeira vista, mas com algumas horas de viagem era possível se acostumar. O balanço da viagem não chegou a atrapalhar o sono durante a noite.

Este trem era exclusivo para torcedores que estavam indo a Rostov para acompanhar a partida entre Brasil e Suíça. Por isso, teve algumas particularidades.

Os torcedores ocuparam o vagão-restaurante e o transformaram em um grande boteco. O catering não suportou a demanda e comida e bebida acabaram em pouco tempo.

Nem mesmo as várias paradas técnicas para reabastecimento foram suficientes para atender aos pedidos de todos os passageiros.

Vencida a viagem, a chegada a Rostov on Don, já no dia 17, foi tranquila.

Missão Rostov on Don

Brasil e Suíça jogaram na Rostov Arena em 17 de junho

As cidades da região Sul da Rússia são bem mais quentes que as do Norte. Em Rostov, a temperatura variou de 25°C a 32°C enquanto estive lá.

Meus anfitriões do AirBNB foram também meus guias pela cidade e ajudaram com os deslocamentos internos. Além disso, me mostraram pratos e bebidas típicas da Rússia, feitos de forma caseira.

Rostov on Don reformou toda a área da orla para a Copa do Mundo e construiu seu estádio na margem quase inabitada do rio Don.

Um dia após o jogo Brasil x Suíça e diversos passeios pela cidade, voltei para Moscou.

O retorno também foi de trem, mas não de torcedores. Quis ter a experiência de um trem tipicamente russo.

Foram 18 horas de viagem. Apesar de o tempo ser menor e a cabine superior, o trecho de volta foi menos confortável pelo fato de o trem andar muito rápido e balançar muito mais pelos trilhos antigos.

A diferença do trem de retorno foi bem grande, mas vou contar detalhadamente as minhas viagens de trem pela Rússia (oito, no total) em um post futuro.

Confira neste vídeo as imagens destas duas primeiras experiências nas arquibancadas russas.

Missão Moscou (parte 1)

Cheguei a Moscou para acompanhar o Mundial até as oitavas-de-final. Para começar, fui ao estádio Luzhniki para ver Portugal x Marrocos, jogo válido pela primeira fase da Copa do Mundo.

Apesar de já ter passado pelo aeroporto Domodedovo e pela estação de trem, ainda não havia entrado na cidade.

A beleza das estações de metrô em Moscou

Moscou tem “cara” de capital. Cidade grande, prédios imponentes, que demonstram claramente como foi construída a história do país.

Se eu tivesse chegado primeiro a Moscou, teria uma imagem totalmente diferente da Rússia do que tenho agora.

Por ter passado antes por outras duas cidades, de portes e culturas bem diferentes, consegui entender melhor o que a capital russa quer passar ao mundo.

São Petersburgo tem uma mente muito aberta às culturas de outros países, está muito perto da Finlândia, Suécia e Estônia. É uma cidade como as outras da Europa dentro da Rússia.

Rostov on Don cresceu, recebe estudantes universitários do país inteiro, mas ainda tem muitos resquícios da União Soviética. Além disso, sofre a tensão geopolítica pela proximidade da fronteira com a Ucrânia.

Moscou está no meio destas realidades, recebendo a influência delas e de várias outras que nem mesmo a Copa mostrará ao mundo.

Em um dia e meio, não foi possível ver muitos pontos turísticos. Após a vitória de Portugal, era hora de pegar outro trem.

Missão Nizhny Novgorod

Argentina e Croácia fizeram um dos jogos mais emocionantes da primeira fase da Copa do Mundo

Embarquei em mais uma viagem de trem rápido com destino a Nizhny Novgorod para assistir a Argentina x Croácia. Um jogo chave para as pretensões das duas equipes na primeira fase da Copa do Mundo.

O trajeto foi diferente das outras viagens de trem que fiz. Pelas janelas, se via muito mais cidades no caminho rumo ao leste do país.

O trem era misto, ou seja, admitia torcedores que iam para a partida e o público em geral. A torcida argentina lotou quase todos os 10 vagões do trem.

Em apenas 3h30 chegamos ao município com 1,2 milhão de habitantes, fundada em 1221. Assim como várias outras cidades russas, Nizhny Novgorod tem um kremlin (palavra russa que significa fortaleza) no centro.

A vista sensacional mostra os rios Oka e Volga e o estádio na confluência dos dois. No dia seguinte à vitória convincente dos croatas e depois de ver os principais pontos da cidade, retornamos a Moscou.

Estádio de Nizhny Novgorod fica na confluência dos rios Oka e Volga

Confira no nosso canal do YouTube as imagens das arquibancadas de Portugal x Marrocos e de Argentina x Croácia.

Missão Moscou (parte 2) – o Retorno

A ordem para o restante da primeira fase da Copa do Mundo era aproveitar a cidade de Moscou e assistir a mais dois jogos nos estádios locais.

A história da Praça Vermelha, do Kremlin, o comércio e o charme das ruas Arbat (nova e antiga) e Tverskaya. Além disso, cafés, shoppings centrais, parques e o rio Moscou.

Tudo isso está disponível para visitas hoje, independentemente de quando você esteja visitando o blog. Porém, somente no exato momento em que estou escrevendo este texto e nos dias seguintes, o mundo inteiro estará passando por lá.

Por isso, uma Copa do Mundo não são apenas jogos de futebol na TV todos os dias. É simplesmente a melhor época da história para se conhecer um país.

Saída do estádio Luzhniki após Dinamarca x França: primeiro 0 x 0 da Copa

Separei a última rodada da primeira fase da Copa do Mundo para acompanhar jogos decisivos em Moscou: Dinamarca x França e Sérvia x Brasil.

O primeiro jogo não teve muita graça para a torcida e resultou no primeiro 0 x 0 da Copa do Mundo. Já o segundo garantiu vaga para o Brasil nas oitavas-de-final com um espetáculo da torcida dentro e fora do estádio.

Mais dois estádios foram visitados e a maior cidade russa e segunda mais populosa da Europa foi mais bem compreendida.

Fachada do estádio do Spartak, em Moscou, antes de Brasil x Sérvia

As fases finais da Copa do Mundo

Ao fim da primeira fase da Copa do Mundo, seguimos em Moscou para a fase de oitavas-de-final. O planejamento de viagem nos leva para Kazan nas quartas-de-final e de volta a São Petersburgo para os últimos jogos do Mundial.

Este é um resumo da minha experiência na Rússia na primeira fase da Copa do Mundo (fase de grupos). Os principais pontos serão detalhados em outros textos a serem publicados no blog nos dias em que não houver partidas da Copa.

Em um próximo post, falarei sobre a receptividade, a estrutura e a experiência completa em cada cidade-sede visitada neste Mundial.

Em outro texto, descreverei a experiência pré-jogo, durante a partida e a volta para casa de cada estádio que visitei nesta Copa do Mundo.

As viagens de trem pela Rússia também merecerão um texto exclusivo, assim como as experiências nas FAN FESTs das cidades-sede por onde passei.

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Brasileiro e argentino no estádio Luzhniki durante o jogo entre Dinamarca e França