Histórias de Torcedor: Cristiano Ronaldo, Pogba e o encontro entre Europa e África

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O quadro Histórias de Torcedor relembra momentos vividos nas arquibancadas da Copa do Mundo de 2014. Desta vez, contando duas partidas do Mundial que tiveram como destaques os jogadores Cristiano Ronaldo, Pogba e as seleções de Gana e Nigéria.

Sim, ao invés de apenas um jogo, o post de hoje vai falar sobre dois. E com uma curta viagem entre eles que vai enriquecer a história.

Bandeiras de Portugal e Gana no Estádio Nacional Mané Garrincha

A decisão

No dia 26 de junho de 2014, uma quinta-feira, Portugal e Gana jogaram no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. A situação das duas equipes era complicada no Grupo G da Copa.

O craque Cristiano Ronaldo não havia marcado nos dois primeiros jogos da seleção portuguesa. Já os ganenses haviam acabado de dispensar dois destaques do time por indisciplina.

E, como se tratava da terceira rodada da fase de grupos, o outro jogo da chave era no mesmo horário. Alemanha e Estados Unidos se enfrentaram em Pernambuco para decidir quem se classificaria às oitavas.

Percorri o caminho até Estádio Nacional de forma diferente das outras vezes, quando privilegiei o transporte público. Fui de carro até a região central da cidade e, de lá, peguei um ônibus gratuito que era disponibilizado aos torcedores em direção ao Mané Garrincha.

O motivo de não pegar o BRT desde casa é que tinha uma viagem marcada para logo depois da partida.

No caminho para o estádio, uma multidão se concentrava na Feira da Torre de TV para almoçar em uma das barracas, já que o jogo estava marcado para as 13 horas. Adiante, era possível ver alguns portugueses e ganenses em fila nas lanchonetes da arena.

Peguei meu cachorro quente, refrigerante e subi as escadarias da arquibancada. Este foi um dos jogos que assisti quase nas últimas fileiras do anel superior.

Filas e degraus não tiraram o prazer de assistir a um jogo de Copa do estádio. Ainda mais podendo ver de perto o craque Cristiano Ronaldo, um dos maiores jogadores da história.

Cristiano Ronaldo aguarda o cruzamento na área

Nem Cristiano Ronaldo salva

Portugal e Gana entraram em campo pressionados pela tabela de classificação. Era grande a chance de as duas equipes morrerem abraçadas em Brasília e voltarem para casa mais cedo.

O jogo teve caráter de decisão de vaga às oitavas de final. Cristiano Ronaldo chegou a acertar o travessão em uma das várias chances que teve para abrir o placar.

Portugal seguiu pressionando, mas só conseguiu seu gol graças à infelicidade do zagueiro Boye, que marcou contra.

Na volta do intervalo, os ganenses vieram em busca da virada, sua única chance de classificação. E, aos 12 minutos, o capitão Gyan conseguiu o gol de empate.

Quase ao mesmo tempo, na Arena Pernambuco, a Alemanha abria o placar sobre os Estados Unidos. Assim, bastaria mais um gol de Gana para levar os africanos à próxima fase.

Àquela altura, grande parte da torcida brasileira já apoiava o time de Gana, que demonstrava muita vontade em campo. A cada ataque, a torcida fazia o tradicional “Uuhhh”!

Mas faltava algo à equipe ganense: um definidor no ataque. E Portugal tinha Cristiano Ronaldo.

Aos 35 minutos do segundo tempo, com a defesa de Gana já cansada, um erro individual fez a bola sobrar para o melhor jogador da atualidade na marca do pênalti.

Eu nem precisaria completar. Cristiano Ronaldo marcou o gol da vitória portuguesa no Mané Garrincha.

Atrás de mim, um lance acima nas arquibancadas, torcedores norte-americanos comemoravam como se fosse um gol da sua seleção.

Com o resultado, Portugal e Gana foram eliminados da Copa na primeira fase. Alemanha e Estados Unidos seguiram para as oitavas.

Estádio Nacional Mané Garrincha praticamente lotou para ver Portugal X Gana

Na sua tela…

Antes de seguir a história, dá uma olhada nesse vídeo. Curta o ambiente do Estádio Nacional Mané Garrincha no último minuto de partida.

São os últimos lances de Portugal e Gana na Copa de 2014.

Pegando o primeiro avião…

Saí do estádio em direção ao Centro de Brasília. Lá, no porta-malas do carro, estava minha mala e uma passagem de avião.

Esta viagem poderia não ter a ver com a Copa do Mundo, mas felizmente tem. Eu tinha voo marcado para São Paulo, mas meu destino real era Campinas. Lá, eu assistiria a um Curso de Marketing durante o final de semana.

No Aeroporto Internacional Mané Garrincha, dezenas de portugueses pegaram o mesmo voo, ainda fardados com as cores da sua seleção.

E, chegando ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, encontro mais torcedores bem identificados. Porém, estes estavam com os uniformes da Bélgica e da Coreia do Sul, que haviam se enfrentado naquela tarde.

Fachada do Hotel Vitória em Campinas. Foto: www.vitoriahoteis.com.br

Um ônibus me levou até o centro de Campinas, de onde eu peguei um táxi até o Hotel Vitória. Na recepção, muitas pessoas com agasalhos nas cores verde e branco falando em inglês.

No dia seguinte, descobri que se tratava da seleção da Nigéria. Assim como os portugueses, eles escolheram Campinas como local de concentração.

Fiquei hospedado no mesmo hotel da seleção nigeriana por três dias até o meu retorno a Brasília, no dia 29 de junho.

Voltei na noite de domingo, assim que o curso acabou, porque no dia seguinte eu assistiria uma partida das oitavas de final no Mané Garrincha. Quis o destino que este jogo fosse França X Nigéria.

Tudo pronto para a entrada de Nigéria e França no gramado

Jogo equilibrado em Brasília

Era segunda-feira e a semana começaria com dois jogos de fase eliminatória. Nas oitavas, a tensão é grande, pois um deslize pode significar o fim da Copa do Mundo para uma seleção.

Duas partidas emocionantes marcaram este dia. Tive a sorte de estar em um destes jogos no Estádio Nacional Mané Garrincha.

França e Nigéria fizeram um jogo nervoso, digno de Mundial. A torcida brasileira torcia contra a França, tentando evitar um confronto com aqueles que já nos venceram em Copas passadas.

Os gritos de “Nigéria, Nigéria…” ecoavam no Mané Garrincha. Do outro lado, apenas os próprios franceses entoavam o tradicional “Allez les Bleus”.

A torcida quase deu resultado. Os nigerianos marcaram o primeiro gol da partida, mas que foi anulado por impedimento.

Pelo lado francês, o destaque da partida começava a aparecer. Paul Pogba quase marcou um gol de placa, mas foi parado pelo goleiro Enyeama.

Primeiro tempo de muito equilíbrio entre as duas seleções

Pogba abre o caminho da classificação

O segundo tempo mostrou uma França muito mais decidida a vencer. Benzema teve o seu gol tirado em cima da linha, o travessão e o goleiro Enyeama também salvaram a Nigéria.

Mas, como diria o poeta brasileiro Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”. A paráfrase deste jogo é “a mão de goleiro que salva é a mesma que falha em seguida”.

Aos 34 minutos da etapa final, depois de um escanteio, Enyeama saiu mal do gol, espalmou fraco, deixando Pogba cabecear livre para o gol.

O craque da partida em destaque no telão do estádio: Paul Pogba

Já cansada, a seleção nigeriana pouco incomodava os franceses. Praticamente, não houve possibilidade de empate.

Sem querer dar chance para o azar, a França buscou o segundo gol. A pressão deu resultado já nos acréscimos com um gol contra de Yobo.

A festa foi francesa em Brasília em mais uma partida com arquibancadas lotadas. Como em outros jogos da Copa, a torcida saiu tranquila.

Franceses comemorando, nigerianos sabendo que sua seleção deu seu melhor e brasileiros aproveitando a festa.

Franceses comemoram classificação para as quartas-de-final

A Copa das Copas

Uma coincidência fez com que europeus e africanos se encontrassem em dois jogos seguidos no Estádio Nacional de Brasília.

Outra maior ainda fez com que eu me hospedasse com a seleção da Nigéria entre as partidas. Nem que eu tivesse planejado por muito tempo isso não daria certo.

Foram mais dois belos espetáculos do futebol que o Brasil viveu em 2014.

Mais um vídeo para deixar post ainda melhor. Veja a comemoração francesa após o gol de Pogba, que ajudou a classificar a França para as quartas-de-final da Copa:

 

A Série Histórias de Torcedor seguirá em outros posts. Já escrevi por aqui outras duas histórias.

Em uma delas, falo sobre minha estreia em estádios de Copa do Mundo.

Na outra, aprendi que uma Copa vai muito além de assistir a jogos do Brasil.

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