Este post é um guia completo das modalidades de Tiro Esportivo e Tiro com Arco nas Olimpíadas de Tóquio. O texto faz parte da nossa cobertura dos esportes olímpicos da programação dos Jogos de 2021.

História do Tiro com Arco

A prática do tiro com arco surgiu na pré-história, quando o arco e a flecha eram utilizados para a caça e, posteriormente, na guerra.

Com a descoberta da pólvora, as armas de fogo substituíram o arco e a flecha, que passaram de arma bélica para instrumentos esportivos a partir do século XVI.

Nas competições de tiro com arco, o objetivo é somar pontos ao acertar o alvo, posicionado em diferentes distâncias. O alvo é dividido em cores, cada uma com uma pontuação distinta. Quanto mais perto do centro, maior a pontuação.

As provas são realizadas em três campos: outdoor, que é um espaço aberto e plano; indoor, que é um espaço fechado e field, que também é um espaço aberto, porém com terreno irregular.

Nos Jogos Olímpicos as provas são realizadas com diferentes distâncias. Na categoria masculina, são disputadas provas com alvos a 30, 50, 70 e 90 metros de distância. Já nas disputas femininas os alvos são posicionados a 30, 50, 60 e 70 metros.

Os atletas lançam séries de 36 tiros a cada distância em direção ao alvo, que é dividido em dez setores coloridos. Cada setor possui uma pontuação, sendo o círculo do meio o de maior valor, 10 pontos, e o circulo de fora o de menor valor, um ponto.

As provas de Tiro com Arco nas Olimpíadas de 2016 ocorreram no Sambódromo

Tiro com Arco nas Olimpíadas

A modalidade de tiro com arco estreou nos Jogos Olímpicos na edição de Paris, em 1900, e foi disputada nos jogos de 1908, em Londres, e 1920, na Antuérpia.

No entanto, as regras do esporte ainda não eram bem definidas e variavam de acordo com o país sede. Tais variações dificultavam a participação dos atletas nas Olimpíadas.

Apenas em 1972, nos Jogos de Munique, o tiro com arco voltou a fazer parte do programa olímpico, após a adoção de regras universais estabelecidas pela Federação Internacional de Tiro com Arco (FITA), que foi fundada em 1930.

O esporte chegou no Brasil em 1950, trazido pelo comissário de voo da Panair do Brasil, Adolhpo Porta, que conheceu o Tiro com Arco enquanto estava baseado em Lisboa.

Em 1955, Adolpho retornou para o Brasil trazendo na bagagem alvos, arco e flecha e o regulamento da Federação Internacional.

Em 1991 foi fundada a Confederação Brasileira de Tiro com Arco, que criou condições para o desenvolvimento do esporte no país de maneira específica e efetiva, e abriu portas para atletas brasileiros.

A primeira participação da equipe brasileira nas olímpiadas, no entanto, aconteceu 11 anos antes da fundação da Confederação Brasileira, em 1980, nos Jogos de Moscou.

Curiosidades

Novidades em Tóquio 2021

As Olimpíadas de Tóquio trazem uma novidade para a modalidade. Além das tradicionais competições individuais, divididas em categorias masculinas e femininas, e as competições em grupo, também dividas em categorias masculinas e femininas, em 2020 estreia a competição mista em grupo.

Robin Hood

Quando o atleta acerta a parte de trás de uma flecha que já está fincada no alvo, a jogada recebe o nome do herói mítico da Idade Média, Robin Hood. Além disso, o atleta pode levar a flecha para casa quando isso acontece, para guardá-la como um troféu.

Marca Registrada

Todos os atletas gravam seu nome ou suas iniciais em suas flechas.

Olho Dominante

Alguns arqueiros atiram com a mão esquerda e outros com a direita. No entanto, alguns arqueiros destros atiram com a mão esquerda, e alguns canhotos atiram a com mão direita. Isso acontece por causa do “olho dominante”.

De acordo com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, cerca de 70% das pessoas têm uma dominância ocular que corresponde à sua mão, ou seja, uma pessoa destra que também tem o olho direito como dominante.

Já os outros 30% optam pela mistura, uma vez que o domínio dos olhos é um fator importante no arco e flecha.

Alguns atletas inclusive utilizam um “adesivo” cobrindo o olho dominante, para que possam atirar com a mão dominante para que não tenham problemas para ver o alvo.

Hegemonia sul-coreana

As expectativas para os Jogos de Tóquio trazem a Coreia do Sul como grande aposta para a modalidade de tiro com arco. No quadro geral de medalhas o país acumula 39 medalhas, sendo 23 de ouro, 9 de prata e 7 de bronze.

Os atletas sul-coreanos levaram para casa as medalhas de ouro em quatro eventos realizados nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e a equipe feminina nunca foi derrotada em uma competição olímpica desde que o evento foi sediado em Seul, capital da Coreia do Sul, em 1988.

Brasileiros em destaque atualmente

Apesar do Brasil não ter medalhas olímpicas na modalidade de tiro com arco, a equipe brasileira possui alguns nomes que merecem destaque.

Marcus Vinicius D’Almeida é um desses nomes. O jovem carioca de apenas 22 anos carrega no currículo uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim 2014 e um vice-campeonato da etapa final da Copa do Mundo adulta.

Sua primeira participação nas Olimpíadas foi na edição de 2016, no Rio de Janeiro, no entanto, Marcus se despediu dos jogos logo na estreia. O carioca foi eliminado pelo americano Jake Kaminski por 6 a 2.

Marcus já garantiu sua vaga em Tóquio 2020 com uma medalha de prata nos Jogos Pan Americanos de Lima, no ano passado.

Mais maduro e mais experiente, o arqueiro agora vai a Tóquio em busca de uma medalha inédita para o Brasil.

Local de disputa

O local para as disputas de tiro com arco foi a primeira instalação da competição a ficar pronta para as Olimpíadas.

O Yumenoshima Park Archery Field fica localizado na cidade de Tóquio, a cerca de 21 minutos do Estádio Olímpico, e vai sediar os jogos entre os dias 23 a 31 de julho.

O estádio, que tem capacidade para receber 5.600 pessoas, será utilizado após os jogos olímpicos para outras competições de arco e para outras atividades.

Em Tóquio, as provas de Tiro com Arco ocorrerão na Yumenoshima Park Archery Field

Agenda do Tiro com Arco nas Olímpiadas de Tóquio

As partidas de Tiro com Arco terão início no dia 23 de julho, com a rodada de classificação individual feminina e masculina.

Novidade de Tóquio 2021, o dia 24 fica marcado pelas competições das equipes mistas. Nessa mesma data serão realizadas as eliminatórias, quartas de final, semifinais e as disputas pelas medalhas de bronze, prata e ouro.

As equipes femininas disputam, no dia 25, as oitavas de final, as quartas de final, semifinais e as partidas valendo medalhas.

No dia 26, é a vez das equipes masculinas disputarem as oitavas, as quartas, a semi e as partidas pelas medalhas.

Os dias 27, 28 e 29 de julho terão as competições individuais das categorias femininas e masculinas, com competições na parte da manhã e da tarde pelas modalidades individuais 1/32 e eliminatórias 1/16.

Nos dias 30 e 31 de julho, conheceremos os campeões e medalhistas olímpicos individuais do Tiro com Arco.

O Tiro Esportivo deu a primeira medalha da história do Brasil nos Jogos Olímpicos

História do Tiro Esportivo

O tiro esportivo é outra modalidade das Olimpíadas de 2021.

Diferente do tiro com arco, os equipamentos utilizados são a carabina ou a pistola de ar comprimido, além dos itens de proteção para o atleta, como os óculos para tiro, os abafadores e o colete.

A origem do tiro como categoria esportiva pode ser atribuída à prática militar. As linhas de tiro utilizadas nos combates serviram de modelo para as primeiras competições.

Outra inspiração para a modalidade esportiva está nos clubes de caça, que emprestaram inclusive algumas das provas que existem atualmente como skeet e fossa.

Atualmente a modalidade é praticada apenas com o intuito esportivo. O objetivo da competição é acertar alvos, móveis ou fixos, e somar pontos, que variam de acordo com a precisão dos disparos.

De acordo com a categoria da prova, os atletas disparam em alvos de 10, 25 ou 50 metros e nas posições deitado, de pé ou de joelho.

Cada prova possui uma fase de qualificação, com a quantidade de tiros variando entre 40 e 120, e uma fase final, em que cada atleta atira entre 30 e 45 vezes.

Assim como no tiro com arco, o alvo também é dividido em 10 zonas, e o objetivo é acertar o centro, que vale mais pontos.

As provas de fossa olímpica, fossa double e skeet possuem alvos móveis. O objetivo é acertar o maior número de pratos, que são lançados no ar. Nessas categorias, o tiro é validado quando qualquer parte do prato quebra após ser atingido.

Na fase de qualificação da fossa olímpica as mulheres possuem 75 pratos e os homens 125. Na fase final o número de pratos é igual para homens e mulheres, sendo 15 tentativas para ambos.

Já na fossa double, são 150 pratos na fase de qualificação e 15 na fase final.

Na prova skeet, os atletas atiram de oito posições marcadas no estande e os alvos saem de dois locais diferentes, as chamadas “casa alta” e “casa baixa”. Na fase de qualificação são lançados 75 pratos para as mulheres e 125 para os homens. Na fase final são lançados 16 pratos duplos.

Tiro Esportivo nas Olimpíadas

A modalidade esteve presente nas olimpíadas desde a primeira edição em Atenas, em 1896, ficando de fora apenas das competições de 1904, em Saint Louis, e de 1928, em Amsterdã.

De 1904 até 1964 somente os homens participavam das disputas olímpicas dessa modalidade. A primeira participação de mulheres no tiro esportivo aconteceu em 1968, na edição do México, nas provas com os homens.

Apenas em 1984, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, que as mulheres tiveram as primeiras competições exclusivamente femininas, com as categorias pistola de ar e carabina de ar.

O Brasil estreou sua participação nas olimpíadas na edição da Antuérpia, em 1920. E a equipe brasileira voltou de sua estreia com medalhas. Ao todo, foram três, uma de ouro, outra de prata e outra de bronze.

Curiosidades

Primeira medalha feminina

A categoria exclusivamente feminina foi incluída no programa olímpico apenas em 1984, entretanto, a primeira mulher subiu no pódio em 1976, nos Jogos de Montreal.

Competindo com outras mulheres e com homens, a norte-americana Margaret Murdock levou a medalha de prata em uma competição acirrada com seu compatriota Lanny Bassham, que ficou com a medalha de ouro.

Erro técnico

Em 1956, nos Jogos de Melborne, o canadense Gerald Ouellette além de faturar uma medalha de outro, também quebrou um recorde mundial na modalidade.

O atleta acertou 60 tiros no centro do alvo, somando 600 pontos e quebrando o recorde.

No entanto, um erro dos organizadores australianos custou ao atleta o registro do feito. Ao montar o local da competição, a equipe olímpica posicionou o alvo um metro e meio mais perto do atleta que a posição correta.

Pelas regras, sem a distância correta do alvo, o fato não pode ser registrado e o canadense não pôde ter ser desempenho reconhecido.

Brasileiro que já conquistaram medalhas

Os primeiros medalhistas brasileiros foram condecorados logo na primeira participação do comitê brasileiro nas olimpíadas, em 1920.

Guilherme Paraense ganhou a medalha de ouro no tiro rápido individual e Afrânio Costa levou a medalha de prata na categoria pistola livre individual.

A equipe composta por Guilherme, Afrânio, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade ficou com a medalha de bronze na categoria pistola livre equipe.

Depois de alguns anos sem destaques na modalidade, o Brasil voltou ao pódio olímpico do tiro esportivo nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, com a medalha de prata de Felipe Wu.

Brasileiros em Destaque atualmente

Apesar da medalha em 2016, Felipe Wu ficou de fora de Tóquio 2020, após ficar na 75ª colocação na etapa final da Copa do Mundo de Tiro Esportivo.

A competição foi a última chance de classificação para as Olimpíadas de Tóquio.

Outro grande destaque da modalidade é o campeão mundial Julio Almeida. Coronel e piloto das Forças Armadas, Julio ganhou uma medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.

Em 2010 conquistou três medalhas no Campeonato Mundial de Tiro Esportivo, sendo uma de ouro na categoria fogo central por equipe, uma de prata na categoria fogo central e uma de bronze com pistolas de 25 metros.

Com resultados insatisfatórios nos jogos classificatórios, Julio Almeida também ficou de fora dos Jogos de Tóquio.

Local de Disputa

A modalidade será disputada na cidade de Tóquio, no Asaka Shooting Range.  A arena recebeu as competições de Tiro Esportivo nos jogos de 1964 e volta a receber a modalidade nesta edição, com uma nova instalação preparada nos modelos olímpicos.

Asaka Shooting Range será a sede do Tiro Esportivo nas Olimpíadas de Tóquio

 Agenda do Tiro Esportivo nas Olímpiadas de Tóquio

As disputas de Tiro Esportivo nas Olimpíadas de Tóquio acontecerão entre os dias 24 de julho e 2 de agosto.

No dia 24, haverá competições com tiro de carabina e tiro de pistola. As mulheres disputam a categoria carabina de ar, com a distância de 10 metros, e os homens disputam a categoria pistola de ar, também com a distância de 10 metros. As fases de qualificação e final serão disputadas nesta data.

No dia 25, será disputada a modalidade skeet feminino e masculino e a segunda parte das competições com tiro de carabina e de pistola. Dessa vez, as mulheres disputam a categoria pistola de ar, com a distância de 10 metros, e os homens a categoria carabina de ar, com a mesma distância.

O dia 26 de julho terá o segundo dia do skeet masculino e feminino, com a fase de qualificação e a fase final. A cerimônia de vitória da categoria skeet acontecerá na mesma data.

As equipes mistas disputam a categoria pistola de ar 10 metros no dia 27, com as fases de qualificação, final e cerimônia de vitória.

O dia 28 é destinado para o primeiro dia da fossa olímpica feminina e masculina.

O segundo dia da fossa olímpica será disputado no dia 29 de julho, de onde sairá o vencedor das categorias femininas e masculinas individuais. No mesmo dia será realizada a modalidade feminina da pistola 25 metros.

No dia 30, haverá a continuidade da pistola 25 metros feminino, com a qualificação, fase final e cerimônia de vitória.

O dia 31 de julho terá a disputa da fossa olímpica com equipes mistas e a disputa de carabina três posições feminino. Nas duas modalidades serão disputadas as fases de qualificação e final e a cerimônia de vitória.

No dia 1º de agosto, será disputada a primeira parte da fase de qualificação da categoria de pistola de tiro rápido masculino 25 metros.

No dia 2, o evento dá continuidade à fase de qualificação da categoria de pistola de tiro rápido masculino 25 metros.

Além disso, serão disputadas as fases de qualificação e final da carabina três posições masculino, com o alvo a 50 metros, e a fase final da pistola de tiro rápido masculino 25 metros. Todos os eventos terão suas cerimônias de vitória na mesma data.

Conclusão

Depois desse guia completo, ficará fácil acompanhar e entender as provas de Tiro Esportivo e de Tiro com Arco nas Olimpíadas de Tóquio.

Se você vai torcer pelo Brasil nestas modalidades, deixe seu comentário abaixo. Não esqueça de compartilhar este post com quem gosta de esportes olímpicos.

 

Texto: Lara Kinue Tanno (larakinue@gmail.com)

Edição: Tiago Medeiros (contato@blogtiagomedeiros.com)